sábado, 7 de fevereiro de 2009

FEBRE AMARELA

N. 20


A febre amarela é uma doença infecciosa viral, de curta duração e de gravidade variável, podendo, em alguns casos, ser mortal.

Os casos mais benignos apresentam um quadro clinico indefinido que, muitas vezes, permite suspeitar de uma infecção viral inespecífica.

Os quadros de mediana intensidade podem ser confundidos com os de dengue.

Nos quadros clássicos, a doença evolui em três fases.

1° Fase – O vírus se multiplica nos tecidos linfáticos e nos órgãos hematopoieticos (formadores do sangue). É a fase de multiplicação e é assintomática.

2° Fase – O vírus invade a corrente sanguínea, continuando a se multiplicar. É a fase de viremia, apresentando o inicio da febre com calafrios (39° a 40° C) acompanhada de dores de cabeça, dores musculares, dores articulares e dores localizadas ao longo da coluna dorso lombar (raquialgia). Apresentam vermelhidão das conjuntivas oculares, prostração intensa, dores abdominais acompanhadas de náuseas, vômitos e hemorragias precoces.

3° Fase – O vírus se fixa nos tecidos, especialmente nos rins, no fígado, no baço e ocorre a fase de toxemia que, normalmente, aparece após um período enganador de remissão e se caracteriza por apresentar febre, sintomas urinários, sintomas hemorrágicos e sintomas hepáticos.

A temperatura volta a subir, acompanhada de congestão venosa, com o paciente apresentando as extremidades com uma coloração arroxeada (cianose).

Se o paciente sobreviver à fase toxemica, começa a convalescer após 8 dias de doença e demorará algum tempo para se recuperar completamente, mantendo-se fraco e com cansaço fácil (astenia) por alguns meses.

Os exames de sangue revelam hemoconcentração, leucopenia (redução de glóbulos brancos), redução do numero de plaquetas o que facilita as hemorragias.

Agente Infeccioso

Da mesma forma que a dengue, a febre amarela é uma arbovirose causada por um vírus.

A febre amarela é uma zoonose (doença de animais) frequentemente entre macacos, sendo adquirida acidentalmente pelo homem, que é hospedeiro pouco importante no ciclo da doença.

Reservatórios e Agente Transmissor

Existem duas formas de febre amarela que são diferenciadas apenas pelos mecanismos de transmissão.

- Febre Amarela Urbana

- Febre Amarela Silvestre

A febre amarela urbana, que já não ocorre no Brasil, mas que poderá voltar a acontecer, o reservatório é o homem e o agente transmissor é o mosquito Aedes aegypti, que também atua como transmissor da dengue.

No caso da febre amarela silvestre, os reservatórios da doença são os macacos dos gêneros Alouatta (Guariba), Celus (Macaco Prego), Atelos (Macaco Aranha) e Callinpheix (Mico), no caso especifico do Brasil, onde não está totalmente afastada a hipótese de que marsupiais (Gambá) também sejam ocasionalmente contaminadas.

Os mosquitos silvestres mais comumente infectados pelo vírus são do gênero Aedes e Haemagogus.

Não ocorre a transmissão de um homem ou de um macaco para o outro, mas a transmissão transovária, entre os mosquitos silvestres, pode contribuir para manter a infecção na área endêmica.

Períodos de Incubação e de Transmissibilidade

No homem, o período de incubação, que ocorre entre a picada infectante e os primeiros sinais e sintomas da doença, variam de 3 a 6 dias.

O sangue do paciente torna-se infectante para o mosquito antes mesmo do aparecimento da febre.

Suscetibilidade e Resistência.

A doença confere imunidade duradoura e não se conhece um único caso de segundo ataque. Nas zonas endêmicas, são comuns as infecções benignas e inaparentes, que conferem imunidade permanente.

Os lactentes nascidos de mulheres imunes possuem imunidade passiva até os 6 meses de idade.

Monitorização Alerta e Alarme

A vigilância epidemiológica acompanha a densidade de mosquitos Aedes aegypti em cidades e localidades situadas próximas às florestas equatoriais, onde a febre amarela é enzootica. As áreas de matas ciliares densas e povoadas por macacos, explicam a propagação por áreas de serrado e o aparecimento de casos no Distrito Federal.

Qualquer caso suspeito de febre amarela, em seres humanos, deve ser obrigatoriamente comunicado a autoridade sanitária e investigado.

O encontro freqüente de macacos mortos é indicio de surto enzoótico, especialmente quando se comprova a ocorrência de icterícia e de hemorragias nestes animais.

Medidas Preventivas

A melhor maneira de controlar a febre amarela silvestre, transmitidas por mosquitos do gênero Haemagogus e por espécies silvestres do gênero Aedes, é a imunização, que se recomenda para todas as pessoas que moram ou viajam para zonas enzoóticas.

Os riscos de disseminação urbana são reduzidos por intermédio da eliminação do Aedes aegypti.

Infelizmente, está se observando uma falta de continuidade das campanhas de combate a este mosquito, comprometendo os programas de erradicação desta espécie de mosquito domestico.

Medidas de Controle dos Pacientes, dos Contatos e do Meio Ambiente.

A notificação do caso a autoridade sanitária é obrigatória em todos os paises do mundo.

Todos os contatos familiares e vizinhos que ainda não foram imunizados são vacinados imediatamente. O inquérito epidemiológico buscando investigar os mecanismos de transmissão do caso especifico também é obrigatório.

Não existe tratamento especifico para febre amarela, mas o tratamento sintomático, em unidades de tratamento de pacientes de alto risco, deve ser tentado.

Surtos Epidemiológicos

Em caso de risco de surto de febre amarela urbana, devem ser tomadas as seguintes medidas:

- Vacinação em massa de toda a população que não tenha sido vacinada nos últimos 5 anos.

- Imunização de todos os macacos, nas cidades com Jardim Zoológico.

- Aspersão de todas as casas da localidade com inseticida eficiente.

- Aplicação de larvicidas em todos os criadouros e incremento de campanhas de combate a pequenas coleções de água que possam ser utilizadas como criadouros pelas fêmeas.

Em caso de risco de surtos de febre amarela silvestre:

- A vacinação contra a febre deve ser rotineira e obrigatória em áreas enzoóticas.

- Os viajantes só poderão penetrar nas áreas enzoóticas 10 dias após a vacinação.

- É importante que a vigilância sanitária mantenha uma constante observação sobre os macacos encontrados mortos e que amostras de tecidos hepáticos destes animais sejam levadas para exame em laboratórios de referencia.

Medidas de Vigilância Sanitária

As atividades de vigilância sanitária nos aeroportos e nas faixas de fronteira de paises onde a febre amarela é enzoótica devem ser estendidas aos viajantes, aos mosquitos e aos primatas importados.

Roger Clark - PP5RO

SEDEC - RENER

DEFESA CIVIL BRASIL

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