N. 21
Existem quatro formas de malaria humana que apresentam sinais e sintomas semelhantes e cujos diagnósticos diferenciais são, obrigatoriamente, realizados com o apoio do laboratório.
Genericamente, os quadros clínicos de malaria caracterizam-se pelos acessos febris, que se iniciam com calafrios intensos e terminam com sudorese profusa.
Ocorre uma rápida elevação da temperatura corporal que, muitas vezes, ultrapassa a 40ºC, acompanhadas de calafrios intensos e tremores.
Atingindo o pico febril, os tremores e calafrios são substituídos pela sensação de calor intenso e de desconforto, acompanhado de forte dor de cabeça (cefaléia) com náuseas e vômitos, podendo ocorrer fenômenos alucinatórios.
Durante os acessos febris ocorre uma grande destruição dos glóbulos vermelhos (hemólise), revelando nos exames de sangue, anemia secundaria, em muitos casos, elevação da bilirrubina indireta, caracterizando uma síndrome de icterícia pré-hepática.
A forma mais grave de malaria humana é a chamada “Terçã Maligna”, provocada pelo Plasmodium falciparum que, além dos paroxismos febris, pode apresentar as seguintes complicações:
- Icterícia intensa, de padrão pré-hepático, caracterizado pelo amarelecimento das conjuntivas oculares e da pele.
- Insuficiência renal, com redução da urina excretada (oligúria) e, em casos extremos, ausência de urina (anúria).
- Insuficiência hepática, que pode evoluir para o coma hepático e morte.
- Alteração dos mecanismos de coagulação, com hemorragias e coagulação intravascular.
- Quadro de choque por redução do volume de sangue circulante (hipovolemia), queda da pressão arterial, aumento da freqüência cardíaca, pulso filiforme, suor frio e extremidade de coloração arroxeada (cianose).
- São comuns quadros de encefalite aguda, com hipertensão cerebral (malaria cerebral) evoluindo para o coma e morte.
As outras formas de malaria humana, provocadas pelos P. malariae, P. vivax, e P. ovale, são mais benignas e, normalmente, não ameaçam a vida, exceto em idosos e crianças.
A confirmação do diagnostico e a caracterização da espécie de Plasmodium infectante é feita por microscopia do parasito causador da malaria.
Agentes Infecciosos
Os agentes infecciosos causadores da malaria são protozoários do gênero Plasmódium, que ocorre no organismo do mosquito (telosporideos) e cuja forma adulta é unicelular, amebóide e parasita do sangue do animal vertebrado (hemosporideos).
As quatro espécies que parasitam seres humanos são os Plasmodium falciforum, Plasmodium malariae, Plasmodium vivax e Plasmodium ovale.
Outras espécies de Plasmodium infectam macacos, aves e répteis.
Ciclo Vital dos Parasitos
O parasito da malaria evolui em dois ciclos distintos:
- Esporogônio ou sexuado, que ocorre no interior do mosquito.
- Esquizogônio ou assexuado, que ocorre no fígado e no sangue do homem.
Depois de introduzidos no organismo humano, durante a picada da fêmea do mosquito, os parasitos circulam por aproximadamente 30 minutos e se fixam nas células hepáticas (hepatócitos) onde dão inicio ao ciclo.
Estudo dos Transmissores
Os vetores biológicos da malaria são as fêmeas do mosquito Anopheles, que se alimentam ao entardecer e durante as primeiras horas da noite.
Das mais de 50 espécies de anofelinos existentes no Brasil, apenas seis são consideradas epidemiologicamente importantes na transmissão da malaria humana.
Período de Incubação e Transmissibilidade
O intervalo entre a picada do mosquito e o aparecimento dos primeiros sinais e sintomas é, em media, de 12 dias para o Plasmodium falcifarum, 14 dias para o P. vivax e P. ovale e de 30 dias para o P. malariae.
Quando a infecção é causada por transfusão ou por compartilhamento de seringas por dependentes de drogas, o período de incubação pode ser mais curto e depende da dose inoculada de microorganismos.
Suscetibilidade e Resistência
Adultos em comunidades endêmicas, com continua exposição à anofelinos infectantes (mosquito Anopheles), acabam por desenvolver resistência relativa.
Distribuição
Dentre todas as doenças febris transmissíveis, a malaria humana é a que apresenta a maior dispersão geográfica, ocorrendo com maior prevalência nas áreas quentes e úmidas dos cinco continentes.
No Brasil, a malaria se comporta como um imenso desastre humano de natureza biológica, tanto que, vários casos são registrados anualmente, dos quais a maioria é na região amazônica.
Os garimpeiros são, dentre os estratos sociais, os mais vulneráveis.
Medidas de Prevenção e de Controle
Medidas Preventivas
- Aplicação de inseticidas de ação residual eficaz, nas paredes internas das habitações de áreas endêmicas, com repetição por duas vezes no ano.
- No caso de garimpeiros que habitam em telheiros sem paredes, compensa instalar as paredes com tecidos resistentes para a impregnação do inseticida.
- Uso de telas nas casas e alojamentos das áreas endêmicas.
- Uso de redes especiais de selva e uso de repelentes.
- Em áreas endêmicas, os doadores de sangue devem ser submetidos à triagem clinica e laboratorial.
- Nos treinamentos militares nas selvas, os banhos de rio nos horários vespertinos e noturnos devem ser evitados nas áreas endêmicas.
- Tratamento preventivo com a ingestão de doses periódicas de antimalarianos.
- Medidas de saneamento eliminando focos larvários de anofelinos. Estas medidas variam entre aterros, drenagem de águas represadas, emprego de larvicida e controle biológico.
Medida de Controle dos Pacientes, dos Contatos e do Meio Ambiente.
- Notificação obrigatória dos casos a autoridade sanitária local.
- A investigação dos contatos é extremamente útil, devendo se investigar a fonte de infecção de cada caso descoberto, através de exames de sangue de todas as pessoas da vizinhança e iniciar o tratamento dos casos febris, mesmo antes de conhecer o resultado do exame laboratorial.
- O tratamento específico para espécie de Plasmodium infectante deve ser completo e eficaz. Os pacientes devem ser alertados para que completem o tratamento, antes de retornarem as suas atividades.
A Defesa Civil apóia órgãos de saúde publica mobilizando voluntários da comunidade para que participe das campanhas de prevenção e de combate à malaria.
Roger Clark – PP5RO
SEDEC – RENER
DEFESA CIVIL BRASIL
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