Mesmo com o dia ensolarado após o fim de ano chuvoso, dois saveiros partiram ontem de manhã da Enseada do Bananal, na Ilha Grande, com 120 turistas assustados que se dispuseram a deixar a área. Os poucos que permaneceram partiram à tarde, quando a Defesa Civil interditou o local. "O medo é que volte a chover forte e os turistas entrem em pânico", explicou o secretário de Saúde e Defesa Civil, Sérgio Cortes. A interdição, que será mantida por 15 dias, período estimado para buscas, não agradou a todos. "Não tem lógica jogar a gente na rua", reclamava a dentista Silvana Bolsoni, de um grupo de oito pessoas de São Paulo.
No meio da tarde de ontem, um estalo e a ameaça de novo deslizamento suspenderam por cerca de uma hora as buscas no Morro da Carioca, onde um desmoronamento soterrou casas
O resgate foi dificultado pelo cenário de destruição e pelo cansaço dos agentes. O reconhecimento das vítimas começa a ser dificultado pelas condições dos corpos. Ontem de manhã, os bombeiros começaram a utilizar cães farejadores. Mais uma retroescavadeira chegou à ilha. Dois equipamentos retiram toneladas de terra e pedras que encobriram sete casas e parte da Pousada Sankay. de 120 bombeiros, agentes da Defesa Civil e voluntários trabalham
Com cerca de
Elizabeth de Brito, agente de saúde na ilha, perdeu uma irmã e um sobrinho e se queixou da dificuldade de reconhecer os corpos. "É um absurdo não deixarem eu ver o corpo do meu sobrinho." O menino foi reconhecido pelo marido Carlos Alberto Geraldo, presidente da associação de moradores. Ele contou que a filha de João Batista, Aline, de 22 anos, foi achada com vida, mas morreu antes do resgate. "Ela estava soterrada até as pernas, abraçada à mãe já morta. Antes de morrer, ela disse: "Tio, estou com medo, estou sentindo frio"."
VÍTIMAS
Em uma das casas de veraneio, havia 17 pessoas de um grupo de amigos da cidade paulista de Arujá. Pelo menos cinco corpos foram encontrados. Outras cinco pessoas estavam desaparecidas. Entre os mortos estão o casal Márcio e Cecília Baccin, que estava grávida de 6 meses. O filho deles, Giovane, de 3 anos, morreu. Também foram encontrados os corpos dos noivos Natália Pacheco e Ricardo Ferreira da Silva. Segundo moradores da região, a casa vizinha, que também foi soterrada, estava vazia. Os dois casais de turistas que a ocupavam teriam deixado o local antes da virada do ano incomodados com o barulho dos vizinhos.
Na terceira casa alugada, duas crianças morreram. Cláudia Repetto, de 42 anos, só foi informada ontem, por parentes, da morte das duas filhas, Gabriela, de 9 anos, e Geovana, de 12. Ela está internada na UTI do Hospital Copa D"Or, no Rio, sem risco de morte. Segundo boletim médico, ela sofreu fratura em três costelas e teve esmagamento nas duas pernas. O marido de Claudia, Marcelo Repetto Filho, sobreviveu e está internado no Hospital São Vicente. Ele está com as funções renais prejudicadas e os médicos não emitiram um parecer sobre a gravidade. Na mesma casa, morreram Renato Repetto e sua mulher, Ilza Maria Roland.
PRECARIEDADE
As chuvas provocaram transtornos
COLABORARAM
ALEXANDRE RODRIGUES, MARCELO AULER e IRANY TEREZA
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