segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

ESTIAGENS

Nº 8

Cada um de nós já deve ter percebido da importância de estarmos informados sobre os assuntos climáticos e na medida do possível, procuramos fazer uma comparação entre o passado e o presente.


Notamos que nos dias de hoje o reflexo de qualquer alteração climática, é sentida de maneira mais contundente, uma vez que a população hoje, é muito maior do que no tempo de nossos pais e avós e a relação do homem com a natureza se agrava cada vez mais, comprometendo a nossa sobrevivência e os primeiros a sentir os problemas advindos das alterações climáticas, são os mais desprovidos e mais carentes.

Vamos continuar em nosso tema de Defesa Civil, procurando sempre esclarecer as dúvidas existentes e conscientizar os radioamadores interessados em nossa coluna, para que ao tomarem conhecimento dos assuntos aqui abordados se tornarem doravante multiplicadores, cientes da responsabilidade de se preservar o nosso meio ambiente, evitando as adversidades passíveis de ocorrerem em qualquer lugar, nos atingindo independentemente de classe ou posição social a que pertencemos.

O que caracteriza uma estiagem?

As estiagens resultam da redução das precipitações pluviométricas, do atraso dos períodos chuvosos ou da ausência de chuvas previstas para uma determinada temporada. Nas estiagens, ocorre uma queda dos índices pluviométricos para níveis sensivelmente inferiores aos da normal climatológica, comprometendo necessariamente as reservas hidrológicas locais e causando prejuízos à agricultura e a pecuária.

Quando comparada com as secas, as estiagens caracterizam-se por serem menos intensas e por ocorrerem durante períodos de tempo menores. Embora o fenômeno seja menos intenso que a seca, produz reflexos extremamente importantes sobre o agro negócio, por ocorrer com relativa freqüência em áreas mais produtivas e de maior importância econômica que as áreas de seca.

Quais as causas das estiagens?

A estiagem, enquanto desastre relaciona-se com a queda intensificada das reservas hídricas de superfície e com as conseqüências dessa queda sobre o fluxo dos rios e sobre a produtividade agropecuária. A redução das precipitações pluviométricas relaciona-se com a dinâmica atmosférica global.

- fatores relacionados com a dinâmica global das condições atmosféricas, que comandam as variáveis climatológicas relativas aos índices de precipitação pluviométrica;

- fatores ambientais locais, relacionados com o segmento abiótico do meio físico, especialmente os concernentes à geologia, à pedologia e à geomorfologia e suas influencias e interações recíprocas sobre os índices de infiltração da água e de alimentação do lençol freático.

- fatores ambientais locais relacionados com o segmento biótico do meio ambiente (biota) especialmente com a cobertura vegetal;

- fatores antrópicos relacionados com a intensidade do consumo das reservas hídricas ou, ao contrario, com a capacidade de acumulação das mesmas.

Embora as estiagens ocorram com maior freqüência em regiões de clima tropical, nenhuma área de produção agropecuária pode ser considerada como absolutamente imune ao fenômeno. As médias climatológicas anuais de precipitações pluviométricas são obtidas pela somação das medias mensais de longo período, de uma região determinada.

Considera-se que existe estiagem, quando:

- o inicio da temporada chuvosa em sua plenitude atrasa por prazo superior a quinze dias;

- as medias de precipitações pluviométricas mensais dos meses chuvosos, alcançam limites inferiores a 60% das medias mensais de longo período, da região considerada.

Quais os principais efeitos adversos?

A intensidade dos danos provocados pelas estiagens é proporcional:

- a magnitude do evento adverso;

- ao grau de vulnerabilidade da economia local ao evento.

As vulnerabilidades às estiagens relacionam-se com:

- fatores ambientais relacionados com o segmento abiótico do meio físico, especialmente os concernentes a geologia, a pedologia e a geomorfologia.

- fatores ambientais relacionados com a biota, especialmente os concernentes a preservação da cobertura vegetal;

- fatores atrópicos relacionados com o manejo agropecuário, com a intensidade da exploração dos recursos hídricos e com técnicas protecionistas, concernentes à proteção dos mananciais e do lençol freático, bem como da capacidade de reserva de água.

Observações

Geologia – É a ciência natural que, através das ciências exatas e básicas (Matemática, Física e Química) e de todas as suas ferramentas, investiga o meio natural do planeta, interagindo inclusive com a Biologia em vários aspectos. Geologia e Biologia são as ciências naturais que permitem conhecer o nosso habitat e, por conseqüência, agir de modo responsável nas atividades humanas de ocupar, utilizar e controlar os materiais e os fenômenos naturais.

Pedologia - É a ciência que estuda o solo, corpo dinâmico resultante dos processos de alteração e modificação (física, química, biológica ou antrópica) da rocha ou sedimento à superfície terrestre;

Geomorfologia - A superfície terrestre é modelada por uma série de processos físicos, químicos, biológicos e antrópicos, que afeiçoam o relevo de forma determinada. A geomorfologia é a ciência que estuda e interpreta as formas do relevo terrestre e os mecanismos responsáveis pela sua modelação.

Biota - É o conjunto de seres vivos, flora e fauna, que habitam ou habitavam um determinado ambiente geológico, como, por exemplo, biota marinha e biota terrestre.

Monitorização, Alerta e Alarme:

Os serviços meteorológicos têm condições de antecipar previsões de longo e de médio prazo sobre as condições climáticas e de curto prazo, sobre as condições do tempo.

Os serviços de acompanhamento hidrológico e hidrogeológico têm condições de informar sobre a evolução das reservas de superfície e de apresentar estimativas razoavelmente seguras sobre o potencial das reservas de subsuperfície.

Medidas preventivas

No atual estagio de desenvolvimento tecnológico o homem não tem condições de influenciar na redução da magnitude do fenômeno adverso, já que este depende da dinâmica atmosférica global.

Dessa forma, as medidas preventivas, objetivando a minimização dos danos, devem concentrar-se na redução das vulnerabilidades socioeconômicas e ambientais.

Dentre as medidas preventivas mais eficientes, destacam-se as relacionadas com o manejo integrado das microbacias e com plantio direto.

O manejo integrado das microbacias contribui para atenuar os efeitos das estiagens e aumentar a produtividade natural através de:

- florestamento e/ou reflorestamento de áreas de preservação ambiental, como encostas íngremes, cumeadas de morros, matas ciliares e matas de proteção de nascentes;

- cultivo em harmonia com as curvas de nível e técnicas de terraceamento, permitindo que sulcos abertos em sentido perpendicular ao do escoamento das águas, retenham a umidade, aumentem a infiltração e reduzam a erosão;

- plantio de quebra-ventos, reduzindo a erosão eólica, a evaporação e o ressecamento do solo, nos períodos de estio;

- adubação orgânica, utilizando resíduos animais (esterco), restos culturais e lixo orgânico das cidades que, além de promoverem a humificação do solo, melhoram as suas características físico-químicas;

- utilização de cobertura morta, como palhada, casca de arroz e serragem, bem como a incorporação ao solo, dos restos culturais anteriores, diminuindo o efeito da evaporação e conservando a umidade natural do solo;

- sempre que possível, roçar e não capinar, reduzindo a exposição do solo ao aquecimento e a perda da umidade;

- utilização de culturas intercalares, plantando leguminoso como feijão e soja entre fileiras de milho e cana, permitindo o sombreamento pelas gramíneas, reduzindo a evapotranspiração, enquanto o rizóbio (nódulos encontrados nas raízes das leguminosas que fixa nitrogênio no solo).

A rotação de culturas, ao manter o solo permanente coberto, reduz a erosão e favorece a infiltração e alimentação do freático. O fogo, ao destruir a camada humificada e os colóides orgânicos, contribui poderosamente para intensificar o problema.

O plantio direto diminui a erosão, a evaporação e, de forma drástica, o processo de compactação do solo. Além de recuperar a textura do solo, facilita o processo de humificação e reduz o consumo de fertilizantes.

Outro fator importante é evitar o superpovoamento de animais nas áreas úmidas da propriedade e utilizá-las para o plantio de capineiras. Na medida em que o produtor for convencido a armazenar o produto para a alimentação do seu rebanho, nas épocas de estiagem, aumentará a produtividade do setor pecuário.

Vejam que todos estes procedimentos são de grande importância em Defesa Civil, visto que qualquer alteração ocorrida vai provocar uma mudança considerável no equilíbrio de uma determinada região, afetando diretamente a população e causando prejuízos econômicos e sociais.

Em uma determinada região, como exemplo, podemos afirmar que há uma interação entre todas as atividades desenvolvidas, sendo uma total interdependência entre tais atividades de produção, comércio e serviços. Todos os indivíduos estão ligados entre si nestes aspectos e no momento, que ocorre um desequilíbrio nesta relação, provocado por adversidades de ordem naturais ou por influencia do homem, podemos entender como sendo passível de ações de defesa civil.

Roger Clark - PP5RO


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