terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

PROCESSOS EROSIVOS

Nº 14

Processos Erosivos

Os processos erosivos iniciam-se pelo impacto das gotas de chuva sobre a superfície do terreno, provocando a desagregação das partículas de solo. A ação impactante é complementada pelo escoamento superficial que ocorre a partir da acumulação de água em volume suficiente para permitir a suspensão das partículas no meio liquido e seu arraste através das encostas.

Erosão Laminar

Ocorre quando o escoamento de água leva a superfície do terreno, de forma homogênea, transportando as partículas em suspensão, sem formar canais preferenciais.
A erosão, especialmente a laminar, é um dos mais importantes desastres de evolução gradual que ocorre no país.

O solo carregado pelas águas, além de assorear os rios e contribuir para o agravamento das inundações, está reduzindo gradualmente à capacidade de acumulação dos represamentos destinados a produção de energia elétrica.

Outro fator importante é a perda gradual do solo agricultável, contribuindo para a redução da produtividade agrícola e o aumento do consumo de fertilizantes, onerando o custo de produção.

Medidas Preventivas.

Dentre as medidas preventivas mais eficientes, destacam-se as relacionadas com o manejo integrado de micro bacias e com plantio direto.

Manejo Integrado de Microbacias.
- florestamento e/ou reflorestamento de áreas de preservação ambiental, como encostas íngremes, cumeadas de morros, matas ciliares e matas de proteção de nascentes.
- cultivo em harmonia com as curvas de nível e técnicas de terraceamento.
- plantio de quebra-ventos reduzindo a erosão eólica, a evaporação e o ressecamento do solo nos períodos de estio.
- adubação orgânica.
- utilização de cobertura morta, como palhada, casca de arroz e serragem, bem como a incorporação ao solo dos restos culturais anteriores.
- sempre que possível roçar e não capinar.
- rotação de culturas.

Plantio Direto

Técnica surgida na década de 60 na Inglaterra, o plantio direto é a semeadura na qual a semente é colocada no solo não revolvido (sem uso de mecanização agrícola – aração e gradagem).

O plantio direto diminui a erosão, a evaporação e de forma drástica, o processo de compactação do solo. Além de recuperar a textura do solo, facilita o processo de humidificação e reduz o consumo de fertilizantes.

Erosão Linear – Sulcos, Ravinas e Boçorocas.

A erosão linear ocorre quando o fluxo de água arrastando partículas de solo concentra-se em vias preferenciais e aprofunda sulcos, dando origem a Ravinas e Boçorocas.

As boçorocas constituem-se no estagio mais avançado da erosão linear e ocorrem quando o aprofundamento das ravinas atinge e ultrapassa o nível do lençol freático.
Esses vazios, ao atingirem proporções significativas, provocam colapsos e desabamentos que intensificam o fenômeno.

Nas fases iniciais das erosões em sulcos e ravinas prevalece o poder erosivo, representadas pelas chuvas tropicais intensas e concentradas, e também pela energia cinética, representada pelo impacto das gotas de chuva sobre a superfície do terreno.

É na fase de subida rápida do lençol freático, em função de maior infiltração, que se intensifica a erosão interna através dos meios vazios dos desmoronamentos e o deslizamento das paredes internas das boçorocas.

Conclusivamente, as boçorocas são formas de ravinamento provocado pela combinação de processos erosivos relacionados com:

1. O escoamento superficial da água, através de vias preferenciais, facilitando o aprofundamento de sulcos e ravinamento.
2. A erosão interna, facilitando o deslizamento lateral das paredes, provocando por sub-pressões em fissuras de descompressão e pela erosão remontante, seguida do abatimento do aterro.

Fatores Antrópicos

A erosão linear é intensificada pelas atividades humanas inadequadas em áreas de urbanização, construção de vias de transporte e manejo agropecuário.

Urbanização inadequada

A formação de ravinas e boçorocas nos perímetros urbanos, situados em áreas de risco, relaciona-se com:

- Deficiente zoneamento do solo urbano, em função dos riscos de erosão linear.
- Ruas são pavimentadas e drenadas, especialmente nas áreas de risco intensificadas.
- Despejo de águas pluviais, coletadas e aduzidas em cabeceiras de drenagem.
- Concentração da vazão de águas pluviais e de despejo em função do processo de urbanização, compactação e impermeabilização do solo em áreas susceptíveis a erosão laminar.
- Lançamento de águas pluviais e de despejo nos leitos de riachos urbanos, incrementando o potencial erosivo dos mesmos.

Construção de vias de transporte

De uma forma genérica, as erosões em obras viárias podem ocorrer em plataformas, taludes dos cortes, taludes dos aterros e áreas adjacentes ao corpo da estrada.
Em áreas sujeitas a erosão, as obras viárias podem incrementar os processos erosivos, em função dos seguintes fatores:

- Mudança das características naturais do terreno, com execução de cortes e aterros.
- Bloqueio da drenagem natural pela implantação da plataforma e desvio e concentração do fluxo de água para os pontos mais baixos do tanque, onde se localizam os bueiros e as pontes.
- desmatamento e destocagem da faixa viária e das áreas de empréstimo dos aterros.

Manejo agropecuário inadequado

Nas áreas de risco, a erosão linear que dá origem as ravinas e boçorocas, é intensificada pelas seguintes atividades antrópicas.

- redução da cobertura arbórea e/ou arbustiva, especialmente nas linhas de cumeadas e nas encostas íngremes.
- abertura de sulcos ou de vias de circulação em sentido transversal aos das curvas de nível.
- uso exagerado de tratores, provocando a compactação dos horizontes mais profundos e contribuindo para a intensificação do escoamento superficial.
- técnicas agrícolas que desnudem o solo, facilitando a ação desagregadora, provocada pelo impacto das gotas de chuva sobre a superfície do terreno.
- criação intensiva de bovinos e outros animais domésticos em áreas de colinas arenosas, especialmente quando a densidade dos mesmos ultrapassa a capacidade de sustentação das pastagens e quando o pisoteio contribui para abertura de sulcos facilitando a erosão linear.
- pratica de queimadas, que além de destruírem a cobertura vegetal, destroem a camada viva representada pelo húmus e coagulam os colóides orgânicos capazes de reter grandes quantidades de água, facilitando a infiltração e o escoamento superficial da água.

Medidas Preventivas – Boçorocas Urbanas, Áreas Rurais e Obras Viárias.

Boçorocas Urbanas

A implantação de obras corretivas de processos erosivos profundos em áreas urbanas, segue a seguinte seqüência:
- pavimentação das ruas.
- micro e macro drenagem.
- construção de estruturas dissipadoras de energia cinética.
- construção de estruturas estabilizadores como barragem escalonadas de terra compactada, de pedras secas, de concreto e de sacos plásticos cheios de solo-cimento, areia ou concreto.

Boçorocas de Áreas Rurais

- manutenção e recuperação da cobertura do solo.
- manutenção do solo agricultável, protegido com cobertura verde, restos culturais, palhadas, etc.
- pratica de rotação de culturas.
- plantio segundo as curvas de nível.
- plantio direto sempre que possível.
- proibição de queimadas.

Boçorocas em Obras Viárias

- sarjetas revestidas com concreto ou grama.
- canais de escoamento profundos.
- valetas de proteção das cristas de cortes e sacos de aterro.
- dissipadores de energia.
- proteção de taludes de cortes e de aterros com vegetação.
- proibição de capina dos taludes.
- drenagem profunda quando for necessário, deprimir o nível da água dos lençóis freáticos.


Roger Clark – PP5RO
SEDEC / RENER DEFESA CIVIL BRASIL

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