segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

TEMPERATURAS EXTREMAS

Nº 6

TEMPERATURAS EXTREMAS.

Dando seqüência ao tema Desastres Naturais, vamos prosseguir abordando aqueles relacionados com Temperaturas Extremas, tais como:
Ondas de frio intenso,
Nevadas,
Nevascas ou tempestade de neve,
Aludes ou avalanches de neve,
Granizos,
Ondas de calor,
Ventos secos e quentes.

Vamos tratar mais sobre Ondas de Frio Intenso, Granizos, Onda de Calor e Ventos Quentes, uma vez que não temos desastres provocados por neve, nevasca ou avalanches de neve. Para não dizer que no Brasil não existe neve, ela é sempre bem vinda na cidade de São Joaquim, na serra catarinense, para o deleite dos turistas que para lá se dirigem no inverno, esperando esse raro acontecimento e fomentando a economia local, lotando todos os hotéis e pousadas da região. É na verdade um espetáculo da natureza em terras tropicais e onde se toma o tradicional chocolate quente à beira da lareira. Um pedacinho da Europa no Brasil.

Vamos em frente perguntando, o que caracteriza uma Onda de Frio Intenso?

É uma rápida e grande queda da temperatura sobre uma extensa área. Esta temperatura, bastante baixa, permanece sobre esta área por varias horas, dias e às vezes, uma semana ou mais, acompanhada geralmente por céu claro.

Em função da dinâmica atmosférica, em determinadas épocas do ano, há uma intensificação do deslocamento de frentes frias, que passam a atingir regiões de clima subtropical e, até mesmo, equatorial.

Denomina-se frente fria o limite anterior da massa de ar frio ou a interface entre a massa de ar e outra de ar quente, a qual normalmente apresenta a forma de cunha.

A massa de ar de origem polar, ao se deslocarem, eleva o gradiente de pressão ao nível da superfície, fornecendo a energia necessária ao deslocamento dessas frentes e, quando as mesmas estacionam em regiões de clima quente, as massas de ar frio provocam a queda da temperatura local.

As quedas bruscas da temperatura, normalmente acompanhadas de ventos frios, que contribuem para agravar a sensação de desconforto térmico, são conhecidas localmente por friagem.

Durante o outono/inverno no Hemisfério Sul, ocorre uma intensificação no mecanismo de produção de massas de ar frio nas imediações do Pólo Sul.

O ar resfriado, por ser mais denso, acumula-se nas camadas atmosféricas próximas da superfície e as altas pressões resultantes fornecem a energia necessária ao deslocamento das mesmas, no sentido sul-norte.

Ocorrência: Na América do Sul, o fenômeno ocorre entre os meses de maio e setembro (outono/inverno), com maior prevalência nos meses de julho e agosto.

Nessas ocasiões, cidades com medias anuais de temperatura extremamente elevadas podem apresentar subitamente quedas para patamares mais baixos. O fenômeno normalmente dura de quatro a cinco dias.

Em Manaus, a queda pode ser de uma máxima de 30ºC para uma mínima de 17ºC e, em casos extremos, de 15ºC. Em Cuiabá no Mato Grosso, a mínima pode atingir níveis inferiores a 5ºC.

O ar aquecido das regiões de clima subtropical e tropical, por ser menos denso, tende a elevar-se reduzindo as pressões nas camadas mais próximas do solo, facilitando a penetração de frentes frias.

Principais Efeitos Adversos:
Os danos relacionam-se muito mais com a vulnerabilidade de determinados extratos populacionais do que com a magnitude do fenômeno.

Os estratos populacionais mais vulneráveis são constituídos por idosos, enfermos e crianças, especialmente quando pertencentes a populações de baixa renda, ou quando desalojados e desprovidos de agasalhos.

A mortalidade imediata é freqüente entre mendigos e ébrios, surpreendidos pela friagem ao dormirem ao relento.

O costume de ingerir bebidas alcoólicas para “combater o frio”, na realidade contribui para aumentar a mortalidade. A sensação de conforto térmico provocado pelo álcool deve-se a:
1- aceleração do metabolismo que contribui para consumir mais rapidamente as poucas reservas calóricas acumuladas.
2 – vaso dilatação periférica que acelera e intensifica a circulação subcutânea, incrementando a perda de calor por irradiação.

Além do incremento da mortalidade, as ondas de frio provocam, também, aumento da morbidade, especialmente à relacionada com doenças transmitidas por inalação, como gripe ou influenza, infecções respiratórias agudas inespecíficas, coqueluche, difteria, sarampo e meningite meningocócica.

OBS: Em epidemiologia a Morbidade é a taxa de portadores de determinada doença em relação ao numero de habitantes, em determinado local e em determinado momento.

Medidas Preventivas: podem ser divididas de duas maneiras. Medidas de Longo Prazo e Medidas Emergenciais.

As Medidas de Longo Prazo – relaciona-se com programas habitacionais e com todos os demais programas relativos ao pleno emprego e a elevação da qualidade de vida dos estratos populacionais carentes.

As Medidas Emergenciais – de natureza assistencial, desenvolvidas em apoio às populações carentes na iminência de friagens, correspondem: Coleta e distribuição de agasalhos; recolhimento de mendigos e de pessoas desabrigadas em albergues ou abrigos temporários; suplementação alimentar, especialmente com sopas quentes e ricas em calorias (gorduras); campanhas esclarecedoras sobre riscos de ingestão de bebidas alcoólicas nessas circunstancias; além das atuais campanhas de vacinação de idosos contra gripe.

GRANIZOS

É a precipitação sólida de grânulos de gelo, transparentes ou translúcidos, de forma esférica ou irregular, raramente cônica, de diâmetro igual ou superior a 5 mm.

O granizo é formado nas nuvens do tipo cumulolimbus, as quais se desenvolvem verticalmente podendo atingir alturas de até 1600 metros. Em seu interior ocorrem intensas correntes ascendentes e descendentes. As gotas de chuva provenientes do vapor condensado no interior dessas nuvens, ao ascenderem sob o efeito das correntes verticais, congelam-se ao atingirem as regiões mais elevadas.

Podem se subdividir em dois tipos principais: 01) Gotas de chuvas congeladas ou flocos de neve quase inteiramente fundidos e recongelados. 02) Grânulos de neve envolvidos por uma camada delgada de gelo.

Quando o granizo choca-se com o solo, o núcleo de gelo gera uma pressão interna mais intensa e provoca pequenas detonações. Ao caírem por seu próprio peso, absorvem mais umidade nas camadas inferiores, até que, novamente são arrastadas para altitudes mais elevadas, onde sofrem novo congelamento. O processo se repete, até que o peso do gelo ultrapasse a força ascensional, provocando a precipitação.

As tempestades de granizo de maior magnitude ocorrem em regiões continentais de clima quente, especialmente na Índia e América do Sul. No Brasil, as regiões mais atingidas por granizo são a Sul, Sudeste e parte Centro-Oeste, especialmente nas áreas de planalto de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.

Os principais efeitos adversos são os prejuízos causados a agricultura. No Brasil, as culturas de frutas de clima temperado, como maçã, pêra, pêssego e kiwi e a fumicultura são as mais vulneráveis ao granizo.

Dentre os danos materiais provocados, os mais importantes correspondem à destruição de telhados, especialmente quando construídos com telhas de amianto ou de barro.

As tempestades que normalmente acompanham o granizo causam também outros prejuízos. O temporal ocorrido na cidade de São Paulo em 211/07/1995 durou apenas meia hora, causando danos materiais e humanos. Sete pessoas morreram vários carros atingidos, árvores caídas, bairros sem energia e muitos outros problemas em decorrência da queda de granizo.

GEADAS

A Geada é formada pelo congelamento direto do vapor d’água existente na atmosfera, sem passagem pela forma liquida e ocorre quando a temperatura ambiental cai a níveis de 0ºC (ponto de congelamento da água). Nessas condições, o orvalho transforma-se em geada.

O calor acumulado durante o dia pela crosta terrestre irradia-se durante a noite, provocando uma inversão de temperatura, se tal forma que, nas madrugadas de noites excepcionalmente frias, ocorre uma grande queda da temperatura nas camadas mais próximas do solo, formando orvalho. Portanto, é completamente errada a expressão “cair geada”, já que o próprio orvalho não cai.

Ocorrência – A geada ocorre com mais freqüência em regiões elevadas e frias. Normalmente, o fenômeno está relacionado com a passagem de frentes frias e costuma ocorrer nas madrugadas de noites frias, estreladas e calmas, com maior intensidade nos fundos de vales e regiões montanhosas e, menos intensamente, nas encostas mais ensolaradas. No Brasil, as geadas ocorrem principalmente nos planaltos sulinos e nas áreas mais altas da região sudeste.

Os Principais Efeitos Adversos se dão com a baixa temperatura que formam as geadas, provocando o congelamento da seiva das plantas, podendo causar grandes prejuízos as culturas perenes de inverno, plantadas nas regiões com climas subtropicais de altitude.

No Brasil, os maiores prejuízos ocorrem nas plantações de café, de frutas cítricas e demais frutas de clima temperado e produtos hortigranjeiros.

Obs.: Notem que os prejuízos com a agricultura no caso dos desastres relacionados com temperaturas extremas. Vai refletir diretamente na economia de uma região, visto que, são varias as cidades que vivem em torno de tais atividades. Os trabalhadores rurais retiram do solo o seu sustento e mantém empregadas várias pessoas. Na ocorrência dessas adversidades, muitos ficam sem empregos, o que compromete a cadeia produtiva e econômica da região afetada.

ONDAS DE CALOR

As ondas de calor originam-se quando frentes de alta pressão, formadas em regiões quentes, áridas ou semi-áridas, deslocam-se, invadindo regiões de climas mais amenos, onde se estabilizam por alguns dias.

As ondas de calor podem incrementar a morbimortalidade dos grupos vulneráveis, especialmente crianças, idosos e pessoas portadoras de afecções cardiorespiratórias importantes.

Nestas condições, a queda sustentada da umidade da atmosfera favorece a intensificação de incêndios florestais muito intensos, principalmente porque os reflorestamentos são altamente combustíveis.

VENTOS SECOS E QUENTES

Tempestades de ventos quentes e abrasadores ocorrem em regiões áridas. No Brasil, tempestades de ventos quentes e secos não são registradas e o fenômeno adverso não ocorre de forma aguda. No entanto, o Nordeste e Centro Oeste são constantemente percorridos por ventos cujas intensidades variam entre 7 e 30 Km/h, correspondentes, na Escala Beaufort aos números 2 (brisa leve ou aragem), 3 (vento fresco ou leve) e 4 (vento moderado).

Os principais efeitos adversos são raros, embora possam provocar erosão eólica e contribuírem para aumentar a evapo-transpiração e ressecar as pastagens.

Os prejuízos causados pela seca nas pastagens é a perda de peso do gado de corte, atrasando na idade de abate. Redução na produção leiteira e aumento dos índices de morbimortalidade, provocados pela desnutrição dos animais.

Como já dissemos acima, os prejuízos são econômicos, mas com reflexos sociais gerados por desemprego e até mesmo êxodo rural. A população atingida por esta situação, normalmente, vão se instalar em áreas carentes das regiões metropolitanas e acabam sofrendo outras adversidades que todos nós conhecemos como violência, moradia em áreas de risco, etc.

Roger Clark – PP5RO

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