N.23

Desde o início de nossos artigos aqui escritos, abordamos assuntos que acontecem em diversas situações, mas um tema muito importante vai abordar agora, o cotidiano em nossas estradas, em nossas cidades e que é uma, se não a maior, das causas de óbitos em nosso país, principalmente de jovens, quando se tem a mistura explosiva de álcool e drogas.
Por definição Defesa Civil é o conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e recuperativas com o propósito de evitar ou minimizar desastres, procurando, simultaneamente, preservar o moral da população e restabelecer a normalidade do convívio social.
Assim sendo, nada mais atual e importante do que analisarmos esse artigo como uma ação preventiva para atingirmos o propósito de minimizar e principalmente evitar os desastres.
Caracterização
Os desastres com meio de transporte rodoviário, incluindo o atropelamento nas estradas, são muito mais freqüentes e produzem índices de mortalidade, morbidade e invalidez muitas vezes superiores as somas de desastres relacionados com todos os demais meios de transporte.
Comparados com os desastres de trânsito, que ocorre no interior das cidades, os desastres rodoviários costumam ser mais letais e mutilantes, em função da maior velocidade desenvolvida pelos veículos no momento do acidente.
No Brasil, os acidentes de trânsito e os desastres rodoviários são a quinta causa de morte, de acordo com as estatísticas de causas de óbito. Sem nenhuma dúvida, esses dados caracterizam a imensa importância do problema.
Causas
Os desastres rodoviários relacionam-se com as seguintes causas gerais:
- Falhas e erros humanos.
- Falhas nos veículos e problemas de manutenção.
- Problemas relacionados com as condições das vias de transporte.
- Problemas relacionados com as condições atmosféricas e com a redução da visibilidade.
Na grande maioria das vezes, os desastres rodoviários são causados por falhas humanas, como:
- Alterações neurológicas e psíquicas, relacionadas com o senso-percepção, com os mecanismos de integração cortical e com a resposta motora adequada dos órgãos efetores, provocadas pela ingestão de bebidas alcoólicas e de drogas.
- A ingestão de bebidas alcoólicas e de drogas também pode ser causa de condutas agressivas e de atitudes temerárias por parte dos motoristas (violência).
- O uso de medicamentos estimulantes para combater o sono e reduzir a sensação de fadiga, também altera a senso-recepção e os reflexos condicionados em situações de emergência.
- Fadiga e estresse do motorista, muitas vezes provocadas por sobrecarga de trabalho e o esgotamento físico dos mesmos que, algumas vezes, adormecem na direção.
Condutas relacionadas com a imperícia, imprudência, negligência e desatenção dos motoristas como:
- A não utilização de cintos de segurança que é obrigatório para o motorista e para todos os passageiros.
- O transporte de crianças pequenas nos bancos dianteiros.
- A direção em velocidade excessiva.
- A ultrapassagem de outros veículos em locais inadequados ou sob condições de baixa visibilidade.
- O exibicionismo e imprudência de motoristas mais jovens, que teimam em participar de “pegas” com “cavalos de pau”, em rodovias e logradouros públicos.
- A desatenção dos pedestres que, imprudentemente, atravessam vias de trafego rápido e intenso sem calcular a velocidade de aproximação dos veículos.
- A imprudência de dirigir, quando as condições meteorológicas são muito adversas e a visibilidade é quase nula.
A seleção física inadequada e o treinamento pouco aprofundado dos futuros motoristas concorrem para o incremento das falhas humanas. Os desastres rodoviários também podem ser causados por falhas nos veículos, relacionadas com manutenção deficiente das viaturas, como:
- Defeitos nos amortecedores e nos sistemas de frenagem.
- Pneu em mau estado, com pouca aderência ao solo ou com lonas muito gasta, aumentando o risco de estourarem subitamente.
- Mau funcionamento dos faróis, das luzes de freio e dos sistemas de sinalização.
- Falhas mecânicas menos freqüentes, como fratura da barra de direção ou de ponteiras dos eixos das rodas.
No caso dos caminhões, o excesso, a má distribuição e má fixação das cargas podem facilitar o tombamento dos mesmos, ao realizarem curvas muito fechadas.
Os extintores de incêndio, da mesma forma que os espelhos retrovisores e os triângulos de sinalização, são equipamentos indispensáveis e a ausência dos mesmos podem ser causas de desastre ou de agravamento de sinistros.
As condições das vias de transporte também podem ser causas de desastres rodoviários, cumprindo destacar os seguintes problemas:
- Curva mal compensadas e sinalizadas concorrem para aumentar a velocidade tangencial dos veículos, podendo tombá-los, retira-los da estrada ou provocar desastres com outros veículos que trafegam em direção oposta.
- Descidas muito íngremes, contínuas, sinuosas e mal sinalizadas, costumam dificultar as condições de direção de caminhões pesados.
- Vias escorregadias facilitam as derrapagens, especialmente nos dias chuvosos.
- Ausência de acostamento dificultando o estacionamento de viaturas fora do leito das estradas.
- Estradas esburacadas, especialmente quando os buracos não são sinalizados e aparecem de forma súbita, podem provocar problemas nos amortecedores.
No Brasil, muitas vezes, chuvas intensas e concentradas podem provocar grandes alterações no leito das estradas, relacionadas com o deslizamento de solos inconsistentes e o rolamento de rochas e de matacões que obstruem os leitos das estradas ou com enxurradas que podem provocar o arrombamento de aterros e a queda de pontes e pontilhões.
Quando eixos rodoviários, com elevada densidade de trânsito, atravessam cidades e localidades, o numero de acidentes com veículos e de atropelamentos tende a aumentar. Nesses casos, quando não for possível a construção de anéis rodoviários, é desejável que se construam passagens de nível e passarelas para pedestres e que se incremente a sinalização de redução da velocidade dos veículos.
Ocorrência
Os desastres rodoviários ocorrem com grande freqüência, tanto nos paises desenvolvidos, como nos paises em processo de desenvolvimento e tendem a aumentar, em conseqüência do incremento do numero de veículos em circulação.
Evidentemente, o volume e a intensidade desses desastres são influenciados pelo:
- Nível de responsabilidade e de disciplina dos motoristas e dos pedestres.
- Grau de respeito às regras de trânsito.
- Nível de eficiência dos órgãos fiscalizadores.
Principais Efeitos Adversos
Os desastres rodoviários, somados aos acidentes de trânsito, constituem-se nas maiores causas de óbitos por traumatismos e são responsáveis pelo incremento das estatísticas de mortalidade e de morbidade em todos os paises do mundo.
Como os traumatismos são a maior causa de mortalidade entre os cinco e os quarenta anos, conclui-se que os traumatismos concorrem para reduzir, em termos estatísticos, a expectativa de vida das populações.
Os desastres rodoviários ocorrem em níveis de velocidade mais elevados e, por esse motivo, são mais letais do que os ocorridos no transito urbano.
Os desastres envolvendo motociclistas são mais letais e costumam provocar traumatismos extremamente graves, como os traumatismos cranioencefálicos – TCE e os traumatismos raquimedulares – TRM.
Os atropelamentos em estradas, provocados por veículos que trafegam em grandes velocidades, apresentam elevados índices de mortalidade e são altamente traumatizantes.
Monitorização, Alerta e Alarme.
Sistemas de radares motorizados ou estacionários e de maquinas fotográficas que disparam automaticamente, quando um determinado nível de velocidade é ultrapassado, funcionam como sistema de monitorização e contribuem para reduzir a velocidade do trânsito e a incidência de desastres rodoviários e de acidentes de trânsito.
Os semáforos contribuem para disciplinar o trânsito e reduzem o numero de acidentes nos cruzamentos.
Sistemas de telefones automáticos distribuídos ao longo das estradas permitem avisar sobre a ocorrência de acidentes e alertar as mudas de ambulância responsáveis pelo atendimento pré-hospitalar. Está comprovado que serviços de assistência médica eficientes, em apoio a estradas de transito intensificado, contribuem para reduzir os índices de mortalidade.
Estradas bem sinalizadas reduzem a incidência de desastres ao prevenir os motoristas sobre alterações de traçado e ao antecipar atitudes comportamentais, reduzindo a possibilidade de que os mesmos sejam surpreendidos por ameaças.
Os riscos representados pélas quadrilhas de assaltantes estão sempre presentes nas estradas brasileiras. É desejável que as empresas transportadoras invistam em sistemas de telecomunicações, interligando seus caminhões com centrais de comunicações e com a Policia Rodoviária, definindo horários de comunicação obrigatória. Equipamentos emissores de sinais captáveis por satélites artificiais facilitam o acompanhamento das viagens e a rápida localização de caminhões furtados.
Evidentemente, a presença da Policia Rodoviária ao longo das estradas contribui para aumentar o nível de controle e para aperfeiçoar o funcionamento dos sistemas de monorização, alerta e alarme.
Finalizando esse tema, observamos que o Código Brasileiro de Trânsito, é um importantíssimo instrumento de prevenção de desastres.
O código é atualizado e compatível com a realidade brasileira e se for aplicada, de forma firme e adequada, contribuirá para reduzir os desastres e, em conseqüência, a mortalidade nas ruas e estradas.
Uma medida de grande valor é a educação no transito levada às escolas, capacitando e informando aos jovens, futuros motoristas, da educação no trânsito, além do respeito à vida, o bem mais precioso.
Roger Clark – PP5RO
SEDEC – RENER
DEFESA CIVIL BRASIL
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